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sábado, 28 de setembro de 2013

Persona 5 e a Expectativa Mundial: Qual é Mesmo o Segredo do Sucesso da Franquia da Atlus?

O mundo parou diante da confirmação do registro do domínio persona5.jp no final de julho deste por parte da desenvolvedora ATLUS. Como aconteceu anteriormente, isto é um forte indício de um breve lançamento para plataforma(s) ainda desconhecida(s). A série Persona é sucesso absoluto para os jogadores e crítica especializada, como é praxe da ADA buscar o fundo do poço para tentar a sonhada compreensão, vamos analisar a série Persona e procurar desvelar sua fórmula de sucesso.



Certo dia estive conversando com uma brasileira que trabalha num consulado japonês. Foi descrita com ênfase e entusiasmo a forma com que os nipônicos lidam com as pessoas: é notória a preocupação com o sentimento de outrem, eles indagam sempre sobre como o outro está se sentindo e isto não é muito comum na cultura ocidental. Poderia-se dizer que os japoneses, em geral, têm uma posição mais depressiva, não no sentido psiquiátrico, mas em um sentido introspectivo que busca um conhecimento mais do que está interno do que no que está externo, nas máscaras.
Nas máscaras, se deu a origem do termo Persona (per sonare, em latim): eram máscaras usadas por atores para interpretar um papel e também para ecoar o som da voz diante do público. A partir  do conceito, o ilustre psicoterapeuta Carl Gustav Jung postulou que todos nós temos uma sombra e uma persona: a persona é a máscara que usamos em função do convívio social, é o resultado de nossa educação; a sombra é consequência da existência da persona, é tudo que faz parte de nós não incorporado à máscara social. De acordo com Jung, a máscara é necessária mas a pessoa não pode se confundir com ela, se isto acontece há enfermidades: o caminho terapêutico é a ideação: a pessoa se reconhecer inteligivelmente como sombra e persona, como interno e externo, como um todo.
O mundo ocidental, com as sugestões midiáticas e as "tendências" de beleza e comportamento favorecem o fortalecimento das máscaras sociais (personas) que de forma desmedida podem causar o adoecimento. A desenvolvedora japonesa ATLUS tem um alinhamento com a preocupação nipônica pela subjetividade e criou, dentre outras obras-primas, a franquia Persona, que é um RPG embasado nos conceitos do médico suíço Jung. O game tem o estilo de desenvolvimento de interações sociais (social links) que está diretamente relacionado ao desenvolvimento das sombras (os combatentes do jogo) que o personagem desperta em outro plano, quando o jogo já é um RPG. Em Persona 4, para evocar a sombra o personagem precisa passar por uma "crise existencial", de maneira bem junguiana. Em Persona 3, evocar a sombra é mais polêmico, o personagem tem que encenar um suicídio: atirar contra a própria cabeça com uma arma de brinquedo. Estas cenas no jogo causaram repúdios e duras críticas de analistas ocidentais. Entretanto, é importante salientar que culturalmente os japoneses não têm a conceituação ocidental de suicídio como algo pecaminoso: haja vista os seppuku e os kamikaze, o suicídio para os japoneses têm uma representação simbólica deferente. De qualquer forma, a ATLUS recuou e baniu o suicídio de brincadeira no Persona 4, o fato é que esta desenvolvedora, representa a importância que os japoneses dão à subjetividade e a franquia Persona é reflexo disto.
Persona é um sucesso absoluto entre os que se dispuseram a jogar: ocidentais e orientais. Isto pode ser um indicador que queremos mais do que os estereótipos repetitivos nos games: bater, atirar, matar. Estamos começando a valorizar produções de conteúdo mais profundo, que conduza a alguma reflexão. Recomendo que jogue Persona, isto pode lhe fazer economizar algumas sessões com o analista.


De David Brasil: psicólogo e apaixonado pela arte em pixels
arenadecimaarte@gmail.com

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